
Farm Garden with Sunflower, 1912
O Nome dos Gatos
«O Livro dos Gatos» de T. S. Eliot
«Dar nome aos gatos é um assunto traiçoeiro,E não um jogo que entretenha os indolentes;Pode julgar-me louco como o chapeleiro,Mas a um gato se dá TRÊS NOMES DIFERENTES.Primeiro, o nome por que o chamam diariamente,Como Pedro, Augusto, Belarmino ou TomásComo Victor ou Jonas, Jorge ou Clemente– Enfim nomes discretos e bastante usuais.Há mesmo os que supomos soar com som mais brando,Uns para damas, outro para cavalheiros,Como Platão, Admetus, Electra, DemétrioMas são todos discretos e assaz corriqueirosMas a um gato cabe dar um nome especialUm que lhe seja próprio e menos correntio:Se não como manter a cauda em vertical,Distender os bigodes e afagar o brio?Dos nomes desta espécie é bem restrito o quorum,Como Quaxo, Munkunstrap ou Coricopato,Como Bombalurina, ou mesmo Jellylorum…Nomes que nunca pertencem a mais de um gato.Mas, acima e além, há um nome que ainda resta,Este de que jamais ninguém cogitaria,O nome que nenhuma ciência exata atestaSOMENTE O GATO SABE, mas nunca o pronuncia.Se um gato surpreenderes com ar meditabundo,Saibas a origem do deleite que o consome:Sua mente se entrega ao êxtase profundoDe pensar, de pensar, de pensar em seu nome:Seu inefável afávelInefanefávelAbismal, inviolável e singelo Nome.»Trad: Ivan Junqueira